Ao atravessar a porta de número 19 da Rua Berg­gas­se, em Viena, duas projeções passeiam pela mente do espectador. O olhar percorre aquele que foi o trajeto dos dos pacientes nas sessões com o pai da psicanálise. Ao mesmo tempo, o observador busca, sem discrição, bisbilhotar sua intimidade. Junto à esposa, seis filhos, cunhada e governanta, Sigmund Freud morou por quase cinco décadas, de 1891 a 1938, nesse endereço no Distrito 9 da capital austríaca. A dinâmica de sua casa — que funcionava também como consultório — é revisitada fielmente no Sigmund Freud Museum. Depois de um ano e meio fechado para uma reforma de 4 milhões de euros, o local acaba de reabrir com o dobro do tamanho: 550 metros quadrados. O emaranhado de aposentos distribuídos pelos O emaranhado de aposentos distribuídos pelos quatro andares ilumina a intimidade de Freud. Agora, sem cortes: em seu novo formato, o museu escancara sua vida privada, bem como expõe seus pensamentos, triunfos e sua vida.

A localização da casa lhe garantia proximidade da universidade de medicina, além de ascensão social: Freud migrou do “bairro judeu”, ou Distrito 2, para uma área mais favorável à sua reputação.  

O ambicioso estudante de medicina, mais tarde criaria as célebres teorias que deixaram marcas na ciência, cultura e sociedade. Na mais revolucionária delas, apresentou o conceito do inconsciente, em que processos e doenças mentais ocorrem sem que o indivíduo se dê conta. Propôs, então, formas alternativas de tratamento, como a hipnose para curar distúrbios ou depressões. Antes generalizados como “histeria".

Incansavelmente, Freud pesquisou sobre a natureza dos sonhos e criou o termo Complexo de Édipo para explicar a ligação fundamental do filho, quando criança, com a mãe. Para uma época de costumes tradicionais, os estudos de Freud eram tidos como progressistas. Mas, ironicamente o médico conduzia sua família como um patriarca tradicional. Freud é exposto sob todos os ângulos, incluindo seus valores conservadores.

Ao tocarem a campainha, os pacientes passavam por um sóbrio corredor, onde penduravam casacos e guarda-chuvas. O acesso a esse espaço é novidade e revela, finalmente, o trajeto para ingressar na sala de espera do doutor Freud, recriada com móveis originais doados na década de 70 por sua filha caçula, Anna.  

Graças a uma nova escadaria interna que conecta salas e andares, o visitante acessa a antiga cozinha da casa, por onde os pacientes discretamente passavam ao terminar a sessão, para não serem identificados.

Abaixo imagem da sala de atendimento de Freud, recriada no museu.



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